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O agronegócio precisa se preparar para os impactos da mudança climática

andreia.alevato@grupovirta.com.br

A mudança climática está afetando o mundo e a forma como vivemos. Basta
acompanharmos as notícias, que podemos ver esses impactos de forma clara e
nítida.
Um exemplo disso foram as chuvas que atingiram o Sul do Brasil em setembro,
resultado de um ciclone extratropical muito mais forte do que os usuais. É
verdade que esse tipo de ocorrência não é incomum, mas, segundo
especialistas, o aumento das
temperaturas e o efeito do El Niño aumentaram o poder do ciclone, que causou,
mortes e destruição.
Quando olharmos especificamente o agronegócio gaúcho, conseguimos ter uma
dimensão do impacto financeiro do clima instável. De acordo com o relatório
divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN), as cheias que
atingiram 106
municípios do Rio Grande do Sul resultaram em prejuízos no agro que
ultrapassam R$ 1 bilhão, incluindo perdas na agricultura e na pecuária.
Quase 30 mil animais morreram e safras inteiras de milho e trigo foram
perdidas.
Agravando esse quadro, muitos produtores rurais da região não tinham nenhuma
forma de cobertura ou seguro, impossibilitando uma recuperação financeira de
curto e médio prazos.
Em outras palavras, além dessa realidade, o ciclone extratropical também
trouxe um fato importante: o agronegócio não está preparado para os impactos
da mudança climática, e precisa de inovação em seguros.
Para se ter uma ideia disso, há cinco anos apenas 10% da área produtiva do
Brasil possuía seguros rurais e/ou agrícolas. Atualmente, esse número não
mudou muito, girando em torno de 15% da área produtiva do país.
Com instabilidades cada vez mais aparentes, estamos vendo, também, uma nova
realidade envolvendo os seguros, que estão ficando mais caros e restritivos.
Isso acontece principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste que são mais
suscetíveis a este
fenômeno.
Os danos diretos não são a única forma com a qual o clima está afetando os
produtores rurais. O Centro-Oeste, por exemplo, não está sendo atingido
diretamente pelos efeitos do El Niño, mas está sentindo os reflexos de outras
regiões.
A região Norte do Brasil está sofrendo a maior seca dos últimos 43 anos, que
está prejudicando a navegação pelos rios, principalmente o Madeira, por onde
escoa grandes quantidades de grãos do Centro-Oeste brasileiro.
Na ausência dessa navegabilidade, os grãos terão que seguir rotas pelo
Sudeste, via porto de Santos, o que vai encarecer as commodities.
Essa nova realidade exige que repensemos os seguros no agronegócio, que
precisam possuir um foco regional, que entenda e atenda às necessidades
locais.
Mas só repensar as apólices não é suficiente. É necessário que haja
condições para que os produtores rurais, principalmente os de pequeno porte,
possam contratar esses seguros e estejam cobertos.
Para tanto, é necessário que haja incentivos e acesso a crédito, que precisam
levar em conta essa nova realidade. Enquanto isso não for feito, provavelmente
veremos esse cenário se repetir no futuro.

* James Hodge é líder de Agronegócio e Construção da WTW

Fonte: andreia.alevato@grupovirta.com.br



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