Treinamento une atividades com condições reais de jogo e prática com revisões de lances no Centro de Excelência da Arbitragem Brasileira
A Comissão de Arbitragem da CBF segue a preparação para os árbitros assistentes de vídeo que atuam na Série A do Campeonato Brasileiro. Um dos principais objetivos do coordenador-geral, Rodrigo Cintra, é reforçar a cultura do VAR.
A Comissão almeja que os árbitros que trabalham com a ferramenta de vídeo atuem e sejam vistos como assistentes da equipe de arbitragem em campo, e não como intervencionistas na função dos que estão no gramado.
“O VAR já é um assistente por nome. Suas práticas e ações foram transformadas em intervenção quando não deveriam ser vistas dessa maneira. Queremos mudar essa mentalidade para que os próprios VAR e que todos entendam que podemos ter algumas assistências não necessariamente para uma mudança de decisão, mas para avaliação de algo não visto dentro do evento”, afirmou Péricles Bassols, gerente técnico do VAR.
Ao todo, 24 árbitros assistentes de vídeo foram chamados para a preparação, que será realizada até esta quinta-feira (17) e faz parte do projeto de profissionalização da arbitragem. O treinamento é dividido entre dois locais: o Centro de Excelência da Arbitragem Brasileira (CEAB) e o Clube da Aeronáutica (CAER).
Atividades no ceab
No CEAB, acontecem simulações e análises de lances de partidas de torneios brasileiros e do exterior, para aprimoramento dos procedimentos, trocas de informação e revisão e alinhamento de conceitos.
“Estamos buscando aprimorar cada vez mais o uso da ferramenta, usando os simuladores com todos os nossos VAR, colocando lances e situações para que eles consigam, além de interpretar o que estão vendo nas imagens, fazer a prática de conceitos, considerações, interpretações, para que isso reflita principalmente no campo de jogo”, reforçou Eveliny Almeida, integrante da Comissão de Arbitragem.
Trabalhos em campo
Já no CAER, a Comissão promove jogos simulados de equipes do futebol carioca de base com o intuito reproduzir as condições de uma partida. Para isso, foram posicionadas ao redor do campo oito câmeras, cujo vídeo é transmitido nas duas cabines do VAR que foram montadas.
Uma cabine opera online, em contato direto com os árbitros de campo, e outra offline e se comunica com um outro árbitro no monitor. Este acompanhará os lances da tela e simulará as tomadas de decisão no campo.
“(No CAER) eles têm a sensação de jogo real, com as nuances de uma partida, e aqui (no CEAB), recortes de jogadas como se fossem vídeo-testes e que os obriga a fazer procedimentos de linha, de narração, de verbalização e de chamada de um árbitro. A gente vai exercendo todas essas valências de um VAR em ambientes diferentes”, disse Bassols.
Marco Aurélio Fazekas, árbitro assistente de vídeo, reforçou sua função como um assistente do árbitro central e enalteceu a estrutura e preparação oferecida pela Comissão de Arbitragem.
“Vamos assessorar e assistir o árbitro, somos mais um assistente para apoiar e melhorar as decisões dentro de campo e estamos trabalhando bastante para que isso seja reconhecido. O árbitro vai tomar sua decisão, e vamos passar as informações, sempre lembrando que não temos que interpretar o que o árbitro viu. A gente tem que passar as melhores imagens e situações para que ele possa tomar a sua decisão e interpretação no campo”, comentou.
“Os treinamentos, a estrutura, a interação entre nós sobre as dificuldades que a gente já teve vão facilitar cada dia mais para que a gente possa entregar uma arbitragem melhor”, acrescentou.
Rotina do árbitro var
Antes de um jogo, a equipe escalada para atuar na cabine do VAR chega à sala de operação com aproximadamente quatro horas de antecedência. Neste período que precede o apito inicial, eles já realizam trabalhos de concentração, fazendo análises e revisões de lances de outras partidas.
“O árbitro chega aproximadamente duas horas antes do jogo e os VARs chegam normalmente quatro horas antes, porque passam por um aquecimento mental, com jogadas de vários campeonatos, para que ativem as valências que irão utilizar nos jogos, consiga assimilar todas as informações e entre conectado com todo o cenário que ele irá encontrar a partir daquele momento”, explicou Almeida.
Além da rotina de dia de jogo, os árbitros assistentes de vídeo também participam de reuniões semanais com instrutores e integrantes da Comissão de Arbitragem da CBF.
“Essas reuniões são fundamentais para o aprimoramento do trabalho deles. São semanais, de alinhamento, e avaliamos quais foram os melhores trabalhos realizados, o que podemos destacar de positivo e onde podemos fazer correções“, concluiu Almeida.